CAULE - ESTRUTURA PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA
1. Caule - Estrutura Primária
A anatomia do caule, numa estrutura de crescimento primário, apresenta os sistemas de tecidos dérmico, fundamental e vascular, sendo diferente a distribuição relativa dos dois últimos, quando comparada com a da estrutura primária da raíz.
O sistema de tecido dérmico – fig.12 e 13 – constitui a epiderme (epd) que, no caule, apresenta, geralmente uma cutícula, camada de cutina que cobre exteriormente as células da epiderme, podendo apresentar indumento constituído por pêlos como se observa na fig. 18.
O caule das gramíneas, tal como a maioria das monocotiledóneas, apresenta feixes vasculares (fxv) mais ou menos numerosos e dispersos. Os feixes dispõem-se em dois círculos nos caules do trigo e da erva-serra – fig.12, 15 e 16. Nestas estruturas com feixes em disposição circular forma-se um cilindro de células de esclerênquima (esc) na zona contígua à epiderme (fig. 13 e 16), observando-se os feixes libero-lenhosos mais externos (fxv), incluídos nesse tecido de suporte. Nestas estruturas é ainda frequente a ruptura das células da medula nas zonas dos entrenós formando-se espaços (esp) na zona central da estrutura (fig. 12 e 15).
No caule do milho – fig.17 – os feixes estão espalhados não sendo frequente a formação do cilindro exterior de esclerênquima. Algumas células do parênquima subepidérmico podem esclerificar-se. Os feixes vasculares na estrutura primária do caule de monocotiledóneas são inteiramente primários, duplos fechados. Os feixes libero-lenhosos – fig. 14 - são frequentemente envolvidos por uma camada de células de esclerênquima (esc) localizando-se o floema (flo) numa posição mais externa e observando-se células de metaxilema (mtx) e de protoxilema (ptx) onde por vezes se formam lacunas. No corte transversal do rizoma de erva-serra – fig. 15 – observam-se espaços intercelulares (esp) que provocam a destruição de células de parênquima. O tecido fundamental nestas estruturas é constituído sobretudo por células de parênquima (par).
No crescimento primário do caule de dicotiledóneas herbáceas – Fig 19, 21 e 22 – o sistema vascular nas zonas de entrenós forma geralmente uma faixa circular de feixes libero-lenhosos (fxv) que separa o cortex (ctx), situado do lado exterior, da medula (med), na zona central da estrutura. A zona medular observa-se geralmente no caule das dicotilédoneas, ao contrário da raíz onde é geralmente inexistente.
Os feixes podem apresentar-se mais ou menos próximos, observando-se entre eles uma camada de parênquima designada parênquima interfascicular constituindo os raios medulares (rm). A zona cortical (ctx) é preenchida por células de parênquima com pequenos espaços intercelulares. Na parte exterior do corte – fig. 21 – pode aparecer colênquima (col).
A medula tem espaços intercelulares pelo menos na parte central. No que respeita ao sistema vascular os feixes libero-lenhosos – fig. 19, 20, 21 e 22 – apresentam uma disposição colateral, com o floema (flo) localizado do lado de fora do xilema (xil). Observa-se também – fig.19, 20 – uma zona envolvente do feixe constituída por tecido esclerenquimatoso (esc).
Em algumas famílias de dicotiledóneas (p. ex. cucurbitáceas e solanáceas) o floema forma-se para um e outro lado do xilema, designando-se floema externo (fle) e floema interno (fli) – fig. 23 – constituindo feixes vasculares bicolaterais (fxb). Pode ainda observar-se a formação de uma zona cambial (cv).
2. Caule - Estrutura Secundária
Em dicotiledóneas herbáceas não é frequente o crescimento secundário. A estrutura de crescimento secundário observa-se no caule de dicotiledóneas lenhosas e de gimnospérmicas onde se forma periderme e tecidos vasculares secundários.
A formação do câmbio vascular (cv), pela sua localização – fig. 24, 26, 29 - permite distinguir o câmbio fascicular (cv-f), originado de células do procâmbio, e o câmbio inter-fascicular (cv-if), originado de células do parênquima inter-fascicular. A periderme (pdm) surge por baixo da epiderme – fig.25 – com origem e constituição idênticas à periderme da raíz com crescimento secundário. O cortex (ctx) é delimitado internamente pelo floema secundário (flo-2º) que pode apresentar fibras perivasculares (fib).
Os feixes vasculares são duplos, abertos pela presença de câmbio, observando-se no floema a presença de conjuntos de fibras – liber duro (lbr-d) - que, em muitas estruturas alternam com conjuntos de tubos crivosos, células companheiras e parênquima liberino formando o liber mole (lbr-m). O xilema secundário (xil-2º) apresenta um aspecto mais denso que o xilema primário contendo células de parênquima na forma de raios (rp).
Na composição do xilema incluem-se vasos lenhosos (vl) cujo aspecto se pode observar em corte transversal – fig. 24 - e em corte longitudinal – fig.28 .
No caule do sobreiro – fig. 30 – é visível uma faixa de fibras (fbr) e alguns tricomas (trc), pêlos que permanecem ligados à epiderme até completa substituição desta pela periderme.